Janeiro de 2026 vai inaugurar uma situação curiosa na rotina fiscal: os campos de IBS e CBS passam a existir, passam a ser obrigatórios… mas não bloqueiam a NF se forem preenchidos errado. 

Ou seja: a empresa consegue emitir a nota normalmente, o cliente recebe, a operação segue — e ninguém percebe que a informação está incorreta. 

O problema só aparece depois, nos cruzamentos automáticos. 

1. O novo erro de 2026: NF formalmente válida, tecnicamente errada

Na prática, isso significa que o risco mais comum não será “não emitir a nota”. O risco será emitir certo demais — e errado ao mesmo tempo. 

Exemplos clássicos que devem explodir no início do ano: 

  • IBS ou CBS deixados em branco quando deveriam estar preenchidos. 
  • Destaque feito com código errado por tipo de operação. 
  • Parametrização genérica aplicada igual para todos os produtos. 
  • Notas interestaduais sem alinhamento com a regra da UF de destino. 
  • Serviço emitido com IBS/CBS incompatível com o leiaute da NFS-e. 

Nenhum desses erros trava a emissão.
Todos geram inconsistência.

2. O motivo real do risco: a validação foi flexibilizada

A validação mais leve foi adotada para facilitar a transição, mas produz um efeito inevitável: quem não tiver rotina de conferência automática vai acumular erro sem perceber. 

O emissor não te avisa.
O ERP não te avisa.
O cliente não te avisa.
A única hora em que o erro aparece é quando: 

  • o Fisco cruza NF x declarações, 
  • a empresa tenta fechar SPED, 
  • ou o analista percebe que nada “bate” com as novas regras. 

É a combinação perfeita para gerar passivos invisíveis. 

3. Cadastros viram um ponto crítico

Para funcionar corretamente, IBS e CBS dependem de: 

  • CFOP corretamente mapeado, 
  • código de tributação alinhado ao produto/serviço, 
  • NCM atualizado, 
  • regimes diferenciados sinalizados, 
  • regras específicas por UF, quando houver. 

Se o cadastro estiver desatualizado, o erro se repete em todas as notas — e a empresa só vê depois. 

Isso transforma janeiro em um mês de risco ampliado para quem não revisou nada.

4. O que a empresa precisa ajustar antes da virada

Aqui está o checklist essencial (curto e direto): 

  1. Ativar e testar os campos de IBS/CBS no emissor, mesmo que não travem. 
  1. Revisar cadastros: produtos, serviços, NCM, CFOP, regras interestaduais. 
  1. Conferir parametrizações por UF, especialmente se atuar em mais de um estado. 
  1. Criar rotina de alerta diário para NF com inconsistência nos novos tributos. 
  1. Monitorar revisões de leiaute publicadas pelo governo até o fim de dezembro. 

Sem isso, janeiro vira um mês de emissão “no escuro”. 

5. O ponto-chave: 2026 não perdoa a falta de conferência

O regime definitivo só começa em 2027, mas a rastreabilidade começa em 2026. E, ao contrário de outros anos, a empresa não vai ter “apenas alguns erros”. Vai ter padrões de erro replicados diariamente. 

Para quem trabalha com cadastros, NF-e e validação, essa é a combinação que mais exige monitoramento real-time. 

Concluindo…

Janeiro de 2026 será o mês em que muitas empresas vão emitir notas “perfeitas” — visualmente corretas, sem rejeição, sem aviso — mas tecnicamente inconsistentes com as regras da Reforma. 

É exatamente o tipo de situação que transforma monitoramento automático em uma necessidade e não em um luxo. 

Se a empresa não ajustar cadastros e validações agora, vai passar boa parte de 2026 corrigindo o que poderia ter evitado em dias.